Escrevo isto para ti.
Acho que se pode chamar a isto uma carta.
Portanto, escrevo-te uma carta, esta carta.
A minha primeira carta.
De amor, bem entendido.
Podia muito bem te ter enviado um e-mail, mas não. Por duas razões:
primeira, porque faço questão de te escrever pessoalmente, pelo meu próprio
punho – assim sempre tens um pedaço meu, de mim; segunda - e esta é uma razão
bem mais prosaica -, porque não tenho o teu e-mail.
Sabes, gostava de ser uma mosca (ou mosquito... ou coisa que o
valha...), só para ver a tua reacção ao leres estas folhas soltas rabiscadas à
pressa: estou mesmo a ver, depois da surpresa inicial, quase que aposto que
dirás algo como “Mas que raio de brincadeira é esta?!” e “Esta gaja está
completamente passadinha dos carretos”.
A tua mais que provável reacção, deixa-me que te diga, até tem alguma
razão de ser.
É que eu não te conheço.
Ou melhor, nunca te fui apresentada. Ou me
apresentei.
Porque conhecer, eu até te conheço. Provavelmente,
e perdoa a imodéstia, melhor que ninguém, Se calhar, conheço-te melhor que tu.
Não acreditas?
Para começar, vejo-te todos os dias.
Mas não, não te vou dizer onde: isso tornaria
tudo demasiado fácil.
Mas vejo, sim. Todos os dias.
À conta disso, até já sei o teu nome: Vasco.
E quando digo que te conheço, estou a falar a
sério. Mas mais do que te conhecer, adivinho-te, sinto-te.
Já chamei a esta carta, uma carta de amor.
Mas não.
Enganei-me e permite-me aqui emendar o meu
erro: esta não é uma carta de amor, é antes uma carta... de qualquer coisa
ainda sem nome. Qualquer coisa profunda, que morde e arranha os cantos mais
escuros e escondidos da alma e do ser.
Mas seja como for.
Primeiro que tudo e antes de mais nada,
quero-te dizer olá.
Eu sou a Elisa.
Muito prazer.
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